O Iminente sacrifício de 78.000 ha de Floresta Amazônica no altar do PAC
Num novo gesto autoritário, o governo da presidenta Dilma Rousseff deve assinar, nos próximos dias, um documento autorizando a desafetação das áreas potencialmente atingidas por três usinas do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, pertencentes a cinco Unidades de Conservação. Com essa canetada, e contra a opinião dos técnicos responsáveis da área, a União abrirá mão da proteção de mais de 78.000 ha de floresta numa região considerada de grande importância na luta contra o desmatamento e a perda de biodiversidade da Amazônia.
O Complexo Hidrelétrico do Tapajós, obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevista para os estados do Pará e Mato Grosso atinge diretamente oito Unidades de Conservação e uma Terra Indígena. Como já foi publicado neste blog, o projeto na sua íntegra prevê a inundação de mais de 200.000 hectares de área protegidas no bioma amazônico.
Alagar milhares de quilômetros quadrados de floresta amazônica protegida por lei não parece fácil nem para o ‘rolo compressor’ do governo Dilma-Sarney. Com efeito, a lei que implementou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) impediria a construção das barragens, por ser estas contrapostas ao objetivo das unidades de conservação afetadas.
Frente ao impasse, o governo tinha duas soluções: mudar o SNUC ou mudar as Unidades. Prevendo a oposição da opinião pública após o ‘pesadelo’ do Código Florestal e a dificuldade de articulação da base governista no congresso, a primeira opção foi protelada em favor da segunda: se o SNUC não pode ser mudado para permitir as mega-barragens nas Unidades de Conservação, então são as Unidades de Conservação que devem ser mudadas.
Dito e feito. Com a anuência da gerência do Instituto Chico Mendes, o uma comissão interministerial se prepara para editar nos próximos dias um documento recomendando a desafetação das terras diretamente atingidas pelas três primeiras barragens do complexo: São Luiz, Jatobá e Cachoeira dos Patos (veja detalhes das barragens aqui). Na sequência, uma Medida Provisória ou um Projeto de Lei oficializariam a desafetação. Segundo um cálculo aproximado e conservador, são pelo menos 78.000 hectares de florestas que perderão a proteção da União. Assim, num inédito ‘auto-roubo’, a União renuncia a um patrimônio natural de valor ainda desconhecido, pois nenhum estudo foi feito ainda para avaliar a perda de biodiversidade derivada do alagamento dessas áreas, em favor de um projeto polêmico, que conta com forte oposição local e que comprovadamente vai trazer miséria, violência e conflitos para a região, já suficientemente punida pelo descaso da administração.
Alagar milhares de quilômetros quadrados de floresta amazônica protegida por lei não parece fácil nem para o ‘rolo compressor’ do governo Dilma-Sarney. Com efeito, a lei que implementou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) impediria a construção das barragens, por ser estas contrapostas ao objetivo das unidades de conservação afetadas.
Frente ao impasse, o governo tinha duas soluções: mudar o SNUC ou mudar as Unidades. Prevendo a oposição da opinião pública após o ‘pesadelo’ do Código Florestal e a dificuldade de articulação da base governista no congresso, a primeira opção foi protelada em favor da segunda: se o SNUC não pode ser mudado para permitir as mega-barragens nas Unidades de Conservação, então são as Unidades de Conservação que devem ser mudadas.
Dito e feito. Com a anuência da gerência do Instituto Chico Mendes, o uma comissão interministerial se prepara para editar nos próximos dias um documento recomendando a desafetação das terras diretamente atingidas pelas três primeiras barragens do complexo: São Luiz, Jatobá e Cachoeira dos Patos (veja detalhes das barragens aqui). Na sequência, uma Medida Provisória ou um Projeto de Lei oficializariam a desafetação. Segundo um cálculo aproximado e conservador, são pelo menos 78.000 hectares de florestas que perderão a proteção da União. Assim, num inédito ‘auto-roubo’, a União renuncia a um patrimônio natural de valor ainda desconhecido, pois nenhum estudo foi feito ainda para avaliar a perda de biodiversidade derivada do alagamento dessas áreas, em favor de um projeto polêmico, que conta com forte oposição local e que comprovadamente vai trazer miséria, violência e conflitos para a região, já suficientemente punida pelo descaso da administração.
As Unidades de Conservação que perderiam uma parte da sua superfície mediante esta manobra são:
- Parque Nacional da Amazônia: 15.600 ha
- Parque Nacional do Jamanxim: 18.515 ha
- Floresta Nacional de Itaituba I: 7.352 ha
- Floresta Nacional de Itaituba II: 21.094 ha
- Área de Proteção Ambiental do Tapajós: 15.819 ha
Redelimitação: mega-empreendimento pode, agricultor familiar não
Dentro da perplexidade causada pela notícia, os detalhes sobre a pretendida desafetação do Parque Nacional da Amazônia levam à indignação: a criação do Parque, realizada em 1974 pelo regime militar, criou um conflito derivado da ambiguedade do decreto que especificava os seus limites. Como consequência disso, centenas de pequenos agricultores estão, há anos, morando e cultivando terras dentro dos limites atuais do Parque, aguardando uma redelimitação que iria normalizar a sua situação e, emfim, ganhar o título da terra que ocupam. Essa redelimitação, ansiada tanto pela gestão do parque quanto pelos moradores, nunca entrou em pauta no Congresso Nacional, nem foi objeto de uma das centenares de Medidas Provisória emitidas pelo governo Lula. Assim, as comunidades continuam, após anos de espera, aguardando uma decisão que poderá pôr término ao suplício que significa não possuir nenhum direito sobre a terra onde se mora. Pois bem, pasmem: a principio, e a menos que a ‘tropa de choque’ do MME não ceda nas negociações, a redelimitação do Parque Nacional da Amazônia que irá desafetar as áreas atingidas pelas barragens não se extenderá à região ocupada pelas comunidades. Numa cruel burla, o ‘governo do povo’ ignoraria a precária situação de centenas de agricultores, priorizando a execução de uma mega-obra de rentabilidade incerta, viabilidade não demonstrada e conveniência discutível.
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